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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Responsabilidade é uma questão de escolha

 
Ao analisar a temática proposta, fui remetido às lembranças, convidado a analisar tudo o que já vivi, trazendo a tona experiências, recordações e até decepções, contribuições significativas em minha caminhada até aqui.
Não sei se é correto ou até mesmo digno, comparar o jovem de hoje e todo o contexto a cerca dele com a realidade do jovem de 10 anos atrás. Posso dizer que houve um avanço significativo e, em contra partida, não diria que um retrocesso e sim um estacionamento de sua evolução como pessoa.
Em conversa com os mais velhos, pude notar que o peso da responsabilidade e até mesmo o sofrimento que passaram, levaram muitos deles a agirem de forma mais liberal com os seus filhos. Se essa postura foi correta, só o tempo dirá. Afinal, um “não” dito no momento certo pode evitar inúmeros problemas posteriores. Uma conversa no lugar de um castigo evita um revolta e até mesmo a fase em que desafiar os pais se torna diversão.
A falta de comprometimento da juventude hoje é fruto de uma educação liberal ou simplesmente não sabem ao certo que ideal traçar para suas vidas?
Creio que hoje o mundo esta ao alcance das mãos de todos, em especial dos jovens que vivem em um mundo onde o relacionamento basea-se apenas nos contatos de facebook e Orkut ou seguidores do Twitter. O que deveria ser uma ferramenta de apoio tomou o lugar de destaque na vida de muitos desses jovens.
Como cobrar um comprometimento, responsabilizar o jovem hoje, se nem ele sabe o caminho a ser seguido? Será que foi falta de impor limites? Ou de esclarecer que a liberdade de um acaba quando começa a do outro?! Preocupo-me, pois a juventude hoje tem amadurecido rapidamente, principalmente no contexto sexual. O respeito com o próprio corpo deu lugar ao prazer e com isso gravidez indesejada, casos de HIV, famílias que são construídas e destruídas sem nenhum planejamento.
Não há como negar também que cada vez mais cresce o número de jovens vítimas da dependência química. Jovens que perdem tudo o que tem e o que não tem por conta do vício. Perdem o mais importante: uma oportunidade de viver.
Acredito que a cobrança excessiva acaba deixando o jovem ainda mais confuso, pois nem ele mesmo sabe o que quer, que profissão seguir, que curso prestar vestibular, etc. Neste ano acompanhamos o caso do jovem Wellington Menezes de Oliveira que invadiu a escola onde estudou e tirou a opção de escolha de 12 jovens. Nunca saberemos os reais motivos que o levaram a cometer o massacre, mas sabemos que o seu exemplo ainda hoje é muito utilizado para exemplificar que um jovem tem várias opções de escolha que o mundo lhe proporciona, e qualquer que seja a sua escolha, deve arcar com as devidas responsabilidades e conseqüências.
Responsabilidades estas que muitos jovens nem fazem idéia de que existem: como os casos de bullying que cometem a cada momento com negros, obesos e especialmente com os homossexuais. Cada ato impensado reflete numa consequência, muitas vezes, grandiosa.
Ser responsável por seus atos hoje esta além da maioridade civil, de ter uma CNH no bolso e carro próprio, desejo de muitos jovens. É saber que o mundo cobra, e cobra muito e que a todo o momento seremos testados, colocados à prova, e que a nossa preparação deve ser consciente neste momento.
Em um país onde se cultua tanto o futebol e o samba, a juventude fez a diferença no contexto político-social. Mas hoje, em que o jovem tem feito a diferença?! Na quantidade de retweets, na quantidade de baladas que conseguir num único final de semana? Enfim. A descoberta por um ideal ainda está oculta em muitos jovens. Saber  que o ser é mais importante que o ter ainda é utópico para alguns.
Mas não há como generalizar, pois boa parte sabe aonde quer chegar. Souberam respeitar os limites impostos. Quero acreditar que haverá ainda um futuro promissor para os jovens. Pois tenho plena consciência de que são capazes de escolher, e escolher direito. São capazes de arcar com suas responsabilidades e, acima de tudo, de olhar para trás e ver que nem tudo é um mar de rosas, mas quem esta no leme guiando o barco somos nós.